A Educação ao alcance de todos...

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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Mudanças Necessárias na Educação Presencial

Texto extraído do blog Educação Humanista Inovadora do "pai" do Ensino à Distância no Brasil, Profº José Manoel Moran, ele que é Especialista em projetos inovadores na educação presencial e a distância e Diretor dos Cursos EaD da Universidade Anhanguera UNIDERP.

Professor José Manuel Moran

 "  Mais ousadia
Enquanto a sociedade muda e experimenta desafios mais complexos, o ensino superior presencial e a distância continua, em geral, organizado de forma previsível, repetitiva, burocrática, pouco atraente.  O seu discurso é inovador, mas a organização e a prática pedagógica em muitas instituições, são pouco arrojadas. Predomina uma visão conservadora, repetindo o que está consolidado, o que não oferece risco nem grandes tensões.
A escola é previsível demais, burocrática demais, pouco estimulante para os bons professores e alunos. Não há receitas fáceis, nem medidas simples. Mas essa escola está envelhecida nos seus métodos, procedimentos, currículos. A maioria das instituições superiores se distancia velozmente da sociedade, das demandas atuais. Sobrevivem porque são os espaços obrigatórios para certificação. A maior parte do tempo, os alunos frequentam as aulas porque são obrigados, não por escolha real, por interesse, por motivação, por aproveitamento.
É absurdo que os cursos continuem centrados quase integralmente na sala de aula e que a educação a distância ainda seja vista com desconfiança, quando não com resistência ativa. Muitas áreas de conhecimento não admitem nem discutir a educação a distância.
Mudanças necessárias na educação presencial
A educação precisa focar mais, junto com a competência intelectual e a preparação para o sucesso profissional,  a construção de pessoas cada vez mais livres, evoluídas, independentes e responsáveis socialmente. Uma educação interessante, aberta e estimulante, que descortine novos horizontes profissionais, afetivos, sociais e favoreça escolhas mais significativas em todos os campos. Uma educação que ajude os alunos a acreditarem em si, a buscar novos caminhos pessoais e profissionais, a lutar por uma sociedade mais justa, por menos exploração, a dar confiança aos jovens para que se tornem adultos realizados, afetivos, inspiradores.
Na escola que temos, aprendemos pouco e não aprendemos o principal: a sermos pessoas plenas, ricas, criativas e empreendedoras. Para isso precisamos aprender a ler, a compreender, a contar, a escolher uma profissão, mas precisamos fazê-lo de forma diferente a como o estamos fazendo até agora, insistindo na integração entre a dimensão intelectual, a emocional e a comportamental de uma forma criativa e inovadora. Vale a pena investir nas pessoas, na esperança de mudança, e oferecer-lhes instrumentos para que se sintam capazes de caminhar por si mesmas, de realizar atividades cada vez mais interessantes, complexas, desafiadoras e realizadoras. Essa é a educação que desejamos e que é plenamente viável.
No ensino superior presencial deveríamos mudar o foco: preocupar-nos menos com a transmissão de informação, com dar conteúdo e estimular mais o aluno a pesquisar, a realizar atividades desafiadoras. O ensino através de desafios já é antigo, mas ainda não o aplicamos de verdade.
Não podemos dar tudo pronto no processo de ensino e aprendizagem. Aprender exige envolver-se, pesquisar, ir atrás, produzir novas sínteses fruto de descobertas. O modelo de passar conteúdo e cobrar sua devolução é insuficiente. Com tanta informação disponível, o importante para o educador é encontrar a ponte motivadora para que o aluno desperte e saia do estado passivo, de espectador. Aprender hoje é buscar, comparar, pesquisar, produzir, comunicar.
A sala de aula pode transformar-se em um ambiente de começo e de finalização de atividades de ensino-aprendizagem, intercalado com outros tempos em que os alunos participam de atividades externas – pesquisa, projetos – muitas no ambiente digital.
Com tantos recursos digitais podemos combinar atividades integradas dentro e fora da sala de aula. A informação, a pesquisa, o desenvolvimento de atividades deveriam ser feitas virtualmente. E deixar para a sala de aula a discussão, a apresentação dos resultados, o aprofundamento das questões.
Hoje com a WEB 2.0 temos muitas tecnologias simples, baratas e colaborativas, como o blog, o Google docs e o podcast. Permitem que professores e alunos sejam produtores e divulgadores das suas pesquisas, seus projetos.
Cada professor e aluno pode criar sua página com todos os recursos integrados. Nela o professor pode disponibilizar seus materiais: textos, apresentações, vídeos, grupos de discussão, compartilhamento de documentos, blogs, etc. Com isso, ele pode diminuir o tempo ã transmissão de informações, a aulas expositivas e concentrar-se em atividades mais criativas e estimulantes, como as de contextualização, interpretação, discussão, novas sínteses.
Ao deixar disponível o material no ambiente digital, o professor pode focar mais os pontos críticos, estimular a pesquisa, trabalhar com desafios, projetos, que podem ser realizados dentro e fora da Faculdade, equilibrando a colaboração, o trabalho em grupo com atividades mais  personalizadas.
Quando focamos mais a aprendizagem dos alunos do que o ensino, a publicação da produção deles se torna fundamental. Recursos como o portfólio, onde os alunos organizam o que produzem e o disponibilizam para consultas, são cada vez mais utilizados. Blogs, textos colaborativos, YouTube, Twitter são recursos muito interativos de publicação com possibilidade de fácil atualização e participação de terceiros.
O sistema bi-modal, semi-presencial – parte presencial e parte a distância - se mostra o mais promissor para o ensino nos diversos níveis. Combina o melhor da presença física com situações em que a distância pode ser mais útil, na relação custo-benefício.  Nos cursos presenciais poderíamos flexibilizar a relação presencial-digital de forma progressiva. No primeiro ano, as atividades aconteceriam mais na sala de aula. Haveria uma ênfase maior na aprendizagem do uso das tecnologias digitais feito no laboratório até o aluno ter o domínio do virtual e poder fazê-lo a distância. Algumas disciplinas teriam no máximo, nesse primeiro ano, vinte por cento de atividades a distância. Do segundo ano em diante, a porcentagem de EAD poderia aumentar até chegar a metade em sala de aula e metade a distância (sem ultrapassar a carga total de vinte por cento a distância, enquanto não mudar a legislação vigente).
Vale a pena rediscutir o limite de 20% de disciplinas online, imposto pelo MEC. Por que 20 e não 30 ou 50? As instituições poderiam flexibilizar seus currículos até chegar a uma carga horária média de 50% para aulas presenciais e 50% a distância. Cada instituição terá de definir qual é o ponto de equilíbrio entre o presencial e o virtual, de acordo com cada área do conhecimento. Isso porque há disciplinas que necessitam mais da presença física, como as que utilizam laboratório ou interação corporal (dança, teatro etc.). O importante é experimentar várias soluções nos diversos cursos.
Sem esse balanceamento, a educação não conseguirá avançar no ritmo necessário para acompanhar a progressiva complexificação da sociedade e das aceleradas mudanças que todos experimentamos. Em todos os currículos, as disciplinas mais centradas no conteúdo podem ser semi-presenciais. Só as de laboratório, de práticas podem ser mais presenciais e, mesmo essas, podem ser pensadas de forma diferente (laboratórios digitais, integrados, ao menos parcialmente)."
Texto complementar do meu livro "A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá". 4a ed. Campinas, Papirus, 2009.

Considerações: (da minha parte)


Considero extremamente válido e de certo ponto interessante a comparação que o Professor Moran tão sabiamente faz como a sala de aula sendo um campo de descobertas.
Falo isso porque hoje somos nós que estamos nos sentindo assim...coisas novas, ferramentas novas, horizontes a desbravar.
Resistência, por muitas vezes sim...mas torna-se distante o tempo em que a sala de aula restringia-se simplesmente a lousa e giz.

Antigamente, giz e lousa...

Lembro saudosamente de um episódio (desculpa Profª Karin Siqueira Ramos, mas preciso relatar esta história aqui...rsrsrs), quando adentrei no Ensino Superior, dia de apresentação da aula que havia preparado toda com datashow (Solicitação do Profº Dijalmir da Rocha, que seria meu Coordenador na época) para a banca, eu nervoso e na expectativa, chega a hora das argüições e a Professora Karin fala:
- Professor, somos uma Instituição pequena, temos somente dois datashows, se por acaso você precisar de datashow para sua aula e o mesmo não estiver disponível, qual será sua atitude?
 E eu respondi, dirigindo-me até a lousa e pegando um pedaço de giz:
-Professora, este é meu melhor amigo, se não houver datashow, utilizarei do giz e da lousa!

Hoje em dia, o giz e a lousa não são "quase" mais necessários, no EaD então, quase sem uso nenhum...falamos todos os dias em novas tecnologias, é Ipod, Iped, Imac, Lousa interativa, satélite e tantos outros.

Nos dias de hoje, a lousa lnterativa


Será que estes são os desafios comentados pelo Professor Moran na sua fala? Bom, pelo jeito acredito que sim...e quem está totalmente preparado para trabalhar com eles? Hum...eis a questão!
Então pessoal, vamos com tudo...se nossa vocação é a de sermos Educadores, que ao menos busquemos a constante atualização. Tá certo, não querendo desprezar o giz e a lousa, o mimeógrafo (hummmm... o cheirinho das provas nas manhãs da minha infância), a máquina da datilografia manual (lembram? Apresentar um trabalho datilografado no nosso 1º grau, era sinônimo de status), depois a elétrica, até que chegamos a facilidade de acesso aos computadores.
Lembro muito bem da fala do Professor Luciano Sathler, no II Workshop para os Coordenadores do EaD da Universidade Anhanguera UNIDERP que aconteceu em janeiro do corrente ano (2011) em Valinhos - SP. Professor Luciano, partilhou conosco que tem um filho ou filha, não lembro bem, mas que tem 3 anos de idade...Ele nos questionou: 
-Vocês acham que quando meu filho (a) tiver a idade de entrar em uma faculdade, ele (a) terá paciência de frequentar uma sala de aula todos os dias?
Com as novas tecnologias essa ideia propagada pelo Professor Luciano faz sentido!
E nós? Iremos nos acomodar perante essa situação?
"Bora" então pessoal! Vamos descruzar os braços e partir para essa nova aventura.

E que venham mais e mais descobertas!





4 comentários:

  1. Zeca,

    desculpas aceitas. Apesar da alergia, também adoro um giz!!

    Obrigada pelas dicas tecnológicas.
    Abraços!!

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  2. Profe. Karin, é por aí mesmo...nada de quadro branco, canetões é o Giz mesmo que funciona na hora em que as tecnologias não estão a disposição.
    Se bem que, de um tempo pra cá, acostumei-me de tal forma com a utilização do datashow que não tem coisa melhor...
    Lembrei-me agora do tempo da faculdade, em que minha orientadora de estágio queria que eu apresentasse meu TCC utilizando datashow...Quase tive um treco! Disse pra ela: não, não não...vou utilizar mesmo o retroprojetor! Tenho certeza que estarei nervoso e se essa "geringonça" nao funcionar eu tenho um infarto na frente de todo mundo! hahahaha.
    Benditas tecnologias!

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  3. Olá professor Zeca!
    Importantes e valiosas contribuições para uma educação melhor li no seu blog. Parabéns!
    Prof. Cida Martins

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  4. Oi Zeca,
    que bom que o giz salva, não? Minha mãe conta que quando criança, a professora escrevia a carvão nas paredes da sala... no final do dia todos ajudavam a lavar tudo para o dia seguinte... e olha que minha mãe ainda não está na "melhor idade"... mas é verdade, a tecnologia veio para ficar, mas quando falha (e por vezes, falha muito)... os antigos recursos são bem-vindos... o que importa é o conhecimento sendo mediado.
    Tutora Renata Cardoso Belleboni Rodrigues

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